A osteotomia de Scarf no tratamento da deformidade do hálux valgo

Autores

  • Caio Nery1
  • Alexandre Cassini de Oliveira2
  • Cibele Réssio3
  • Rodrigo Galinari Faria4

Palavras-chave:

Osteotomia/mtodos;Halluxvalgus/cirurgia

Resumo

Objetivo: A utilização da osteotomia de Scarf no tratamento da deformidade do hálux valgo ganhou popularidade na Europa e Estados Unidos nos últimos anos, por se basear em princípios de grande estabilidade e capacidade de correção. O objetivo deste trabalho foi apresentar os resultados clínicos e radiográficos obtidos da observação prospectiva de 51 pacientes – 69 pés – tratados por meio desta técnica. Métodos: A partir do conceito utilizado em carpintaria de telhados e embarcações há séculos, a técnica cirúrgica de Scarf se serve da osteotomia em Z longo do primeiro metatársico por sua capacidade de absorção e distribuição de cargas e grande estabilidade intrínseca. Os cortes são realizados com serras para ossos delicados e os fragmentos são deslocados de forma a corrigir o ângulo mecânico e funcional do primeiro raio. Podem ser retiradas pequenas cunhas das extremidades da osteotomia, a fim de corrigir o ângulo articular distal do primeiro metatársico. Rotineiramente, são utilizados dois parafusos para a estabilização e fixação dos fragmentos da osteotomia. No período de 2000 a 2004, foram operados por esta técnica 51 pacientes (69 pés), com idades variando de 18 a 74 anos (média de 46 anos); três pacientes (6%) eram do sexo masculino e 48 (94%) do sexo feminino. Quanto à intensidade das deformidades, seis pés (8,7%) foram classificados como leves, 57 pés (82,6%) foram considerados como moderados e seis (8,7%) como graves. Resultados: Na média, os parâmetros angulares utilizados para a avaliação dos resultados (ângulo de valgismo do hálux, ângulo intermetatársicoI-II e ângulo articular distal do primeiro metatársico) foram normalizados com a técnica cirúrgica empregada (teste t de Student, p2°, 13% melhoraram 3° e 19% não obtiveram qualquer melhora com o procedimento cirúrgico. A incongruência da primeira articulação metatarsofalângica que atingia 40 pés (58%) no período pré-operatório, foi detectada em apenas 13 pés (19%) após a cirurgia. O valor médio pós-operatório para o escore da American Orthopaedic Foot and Ankle Society (AOFAS) para o hálux e antepé ficou em 82 pontos (mínimo de 49 e máximo de 100) e condiz com o achado de outros autores na literatura. Constatamos complicações em 12 pés (17%).A complicação mais comum, ocorrida em sete pés (10%), foi a fratura dorsal do fragmento proximal do primeiro metatársico com graus variados e sempre importantes de encurtamento e angulação dos fragmentos. A segunda complicação em frequ?ência (quatro pés, 6%) foio encurtamento exagerado do primeiro metatársico por necrose e absorção óssea nas bordas da osteotomia. No caso restante, observousea necrose da cabeça do I metatársico. Curiosamente, as complicações concentraram-se nos primeiros 26 pacientes de nossa amostra,sugerindo a participação do aprendizado na gênese dos problemas observados. Conclusões: A osteotomia de Scarf é capaz de corrigir asdeformidades características do complexo hálux valgo. No entanto, a capacidade de correção não condiz com as expectativas e com a complexidade e riscos do procedimento. Como é uma técnica sofisticada, com curva de aprendizado longa e potencial de geração de problemas graves e de difícil solução, sugerimos que sua indicação fique restrita às deformidades moderadas em pacientes joven

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Publicado

2007-12-31

Edição

Seção

Artigos Originais