Análise retrospectiva de pacientes diabéticos com infecção nos pés
fatores relacionados ao nível de amputação e à cicatrização dos ferimentos
Palavras-chave:
Amputação, Diabetes mellitus/ epidemiologia, Osteomielite, InfecçãoResumo
Objetivo: O objetivo deste trabalho é traçar o perfil epidemiológico dos pacientes diabéticos atendidos nos serviços de ortopedia de dois hospitais de nível terciário e avaliar a influência dos parâmetros clínico-laboratoriais na determinação do nível de amputação dos membros e no tempo de cicatrização das feridas. Métodos: Entre abril de 2007 e dezembro de 2012, dados de 139 pacientes diabéticos foram retrospectivamente coletados. Os pacientes foram submetidos a algum tipo de procedimento cirúrgico nos membros inferiores, devido ao quadro de infecção e/ou necrose isquêmica do membro acometido. Dados epidemiológicos, tipo de intervenção cirúrgica (amputação e seus tipos, desbridamento), uso de antibiótico, parâmetros laboratoriais, tempo de internação e desfecho foram variáveis consideradas nesse estudo. O nível de significância estatística adotado foi de 5%. Resultados: Cento e seis pacientes (76,3%) eram do sexo masculino. A média de idade encontrada foi de 64 anos. A cirurgia mais prevalente foi a amputação, ocorrendo em 90 indivíduos (54,9%). O nível de amputação mais frequente foi o transmetatarsal, em 26 pacientes (28,9%). O tempo médio entre a 1a cirurgia e o fechamento final do coto foi de 35 dias. O tempo médio de internação dos pacientes foi de 23 dias. O tempo de fechamento da ferida aumentou com relevância estatística nos indivíduos não amputados, que foram submetidos a desbridamento, que não utilizaram antibiótico pré-operatório e que foram submetidos a intervenção vascular. A amputação maior foi estatisticamente relacionada a isquemia do membro, amputação prévia do membro, pacientes não desbridados e indivíduos que não utilizaram antibiótico no pré-operatório. Conclusão: As amputações maiores têm como fator de risco a isquemia e as amputações prévias e como fator protetor o uso de ATB no pré-operatório. O tempo de cicatrização das feridas diminui se o paciente foi amputado ou utilizou ATB no pré-operatório e aumenta se o paciente se submeteu a intervenção vascular, tem maiores níveis de leucócitos no pré-operatório e/ou teve o seu membro preservado, acarrentando múltiplos desbridamentos.