Artrodese subtalar com enxerto ósseo. Uma necessidade para tabagistas?

Resumo

Objetivo: Avaliar a taxa de consolidação da artrodese subtalar em pacientes tabagistas e não-tabagistas e a influência do uso de diferentes tipos de enxerto ósseo autólogo. Métodos: Estudo retrospectivo com avaliação radiológica dos pacientes com diagnóstico de artrose subtalar submetidos à artrodese primária em um hospital de referência, entre janeiro de 2008 e dezembro de 2014. Foram incluídos os pacientes com tempo mínimo de seguimento de 12 meses, divididos em tabagistas e não tabagistas e com utilização ou não de enxerto ósseo autólogo. Resultados: Foram avaliados 235 pacientes com idade média de 47 anos (19-74 anos), sendo 90 (40%) pacientes tabagistas e 141(60%) pacientes não-tabagistas. Em 221 (94%) casos a indicação se deveu à sequela de fratura de calcâneo. O enxerto ósseo foi utilizado em 65 (27,7%) pacientes. A taxa de consolidação global foi de 85,4%, e 14,6% dos pacientes evoluíram com pseudoartrose. Houve diferença significativamente estatística da taxa de não-consolidação em fumantes (p-valor-0,015 do teste qui quadrado), principalmente naqueles que não receberam enxerto ósseo (p-valor=0,014 do teste qui quadrado). Entretanto, não houve diferença significativa entre os fumantes que receberam ou não enxerto ósseo (p-valor=0,072 do teste qui-quadrado). A taxa de consolidação relacionou-se com o sítio doador, com pseudoartrose em 33,3% das cirurgias com enxerto autólogo do calcâneo (p-valor=0,011). Conclusão: O tabagismo aumentou a probabilidade de pseudoartrose nas artrodeses subtalares em 2,5 vezes e a pseudoartrose está relacionada com o sítio doador do enxerto autólogo. Nível de Evidência III; Estudos Terapêuticos; Estudo Retrospectivo Comparativo.